24 de março de 2011

Não há de quê


Acabei de ganhar um presente.

Há dias que o mano vem me pedindo o  Daruma que deixei guardado em casa. Daruma é um talismã japonês, um boneco que representa um monge indiano que meditou por anos, sem mexer ou fechar os olhos, procurando alcançar a iluminação. A história conta que ele retirou as pálpebras para que não dormisse durante a meditação. Por isso, no dito talismã, pinta-se um dos olhos do boneco ao ter um pedido em mente e quando o desejo é realizado, pinta-se o outro e leva-o a algum altar budista, onde o costume é queimá-lo no ano novo.

Ganhei o tal Daruma ano passado, em uma viagem a São Paulo, na famosa Liberdade, de um amigo com qual não tive oportunidade ainda de estreitar a amizade mas por quem adquiri muito carinho. Desde que o ganhei, mantive na prateleira do guarda-roupa, guardado, guardando, sem nunca ter certeza, pedindo por um pedido bom o suficiente para fazer ao monge indiano.

Hoje, conversando com o mano que insistentemente pedia-me o talismã, que fez peripécias para conseguir o seu próprio, que se diz cheio de desejos a serem realizados, descobri o motivo certo de nunca ter pintado nenhum dos olhos do boneco: não há o que eu possa pedir, já tenho tudo o que quero.

Ganhei então dois presentes e para compensar, presenteei.



(Obrigado por esse, amore. O chato é que você nunca me lê...)

23 de março de 2011

Espontaneamente

Sou cofre seguro aos segredos alheios.

Quanto aos meus,
se não quero revelar não dou nem ao papel
porque sei que eu mesma farei dele avião pra voar em algum lugar.



22 de março de 2011

Sentido (Dia a dia)


O que mais faço é permanecer

Permaneço sentindo
Permaneço escrevendo
Permaneço revelando os meus segredos sutilmente

Permaneço procurando o que falta
pois
permaneço em constante reconstrução.

(Obrigado por esse, pai...)

20 de março de 2011

Água


Poesia me mata a sede
E me dá vontade de provocá-la

Inquieta e aquieta
É onde me acalmo e onde me enfureço
É mar que em calmaria me banha
e em tempestade me afoga

Sou uma mulher de muitas palavras.





(Ouvir Teatro Mágico dá nisso...)

17 de março de 2011

Conclusão

Se o homem foi à lua, se o cantor critica a música, se a educação é melhor aqui ou lá, se a segurança faz querer ficar, se a crueldade por poder é intrínseco no ser humano, se nem todos fariam da mesma forma, se adianta alguma coisa discutir isso.

Si, si, si

Discussões acaloradas fazem-me morrer de calor no frio austríaco.

E o saldo da minha noite é que nós devemos ter as grandes discussões
e os pequenos atos que já estão ao nosso alcance.

(Seja em Minas, Bahia, Porto Alegre, Goiânia ou Europa, já disseram antes que quem tem amigos tem tudo.)

(Como já disse antes, em constante reconstrução)

11 de março de 2011

Sensitiva



Eu tenho o privilégio de ter mais de um lar.
E ainda de sentir que vivo em cada um que vive em mim.

O mais estranho é que tenho sentido ultimamente como se já estivesse em casa.
E isso por algum motivo faz tudo parecer estar mais longe.

A diferença em mim é que me ensinaram a ser feliz onde quer que eu estivesse.

5 de março de 2011

Presente


Café da manhã com direito a meio dia,
iogurte com cereal
sol na varanda

Café da manhã com direito a reflexões sobre o mais intrínseco em mim e em ti.

Café da manhã com direito a ter certeza
de pelo menos algumas coisas.

3 de março de 2011

Já percebi inúmeras mudanças em mim. Imagino que as mais importantes sejam aquelas que eu não consigo perceber.