24 de abril de 2011

Dia'rio de Bordo 3

Glasgow, 24/04/2011

Hoje visitei Edimburgo. Cidade lindissima, com arquitetura fabulosa e historias escondidas que ninguem desconfia. Fizemos um tour gratuito pela cidade que valeu muito a pena, a guia era animadissima e nos fez saber coisas que nunca procurariamos por conta propria. Descobri o tumulo de Tom Riddle, sim, 'e verdade. Quem le Harry Potter me entendera'. Depois assistimos um concerto dentro de uma das mais importantes catedrais, por pura sorte. Agora estamos de volta ao hotel, mortos, e amanha saimos para outra tour, dando uma voltinha pela verdissima Escocia.

Ah, os homens usam sim aquela roupinha de saiote na rua.

Saudades um pouco doloridas de casa hoje. Feliz Pascoa a todos!

(Apenas um rascunho para nao esquecer os pontos principais... =** )

21 de abril de 2011

Diario de Bordo 2

Estoril, 21 de abril de 2011

Preciso ser rapida nesse. Hoje conheci Lisboa, andei por tudo e me impressionei, me senti banhada pela minha propria historia, a que nao tenho acesso por ter nascido alguns seculos depois. Nao poderia estar mais feliz. Pasteizinhos de Belem sao maravilhosos, as praias portuguesas sao lindas por serem portuguesas, adimirei o mar como sabe fazer bem toda goiana romantica como eu. Descobri que descobri em Portugal uma amiga maravilhosa. E descobri que estar em casa de familia me mata de saudades da minha.

Vou comer agora `a mesa de familia. Estarei a pensar (sim, maneira portuguesa) na minha.

Amo a todos.

17 de abril de 2011

Diário de Bordo

Porto, 17 de abril de 2011

Resolvi dessa vez fazer um diário de bordo. Mas ele começa relativamente atrasado, assim como essa viagem.

Deveriamos ter saído de Graz quinta-feira a noite, em um trem que seguiria para Bruck/Mur, da onde pegariamos o trem para Florença, Itália. Como eram duas viagens, eram duas passagens. Mas me confundi e olhei o horário da segunda passagem achando que era o da primeira. Ou seja, quando me dei conta, o trem que sairia de Graz as 20:35 (eu achava que era 21:35) já se tinha ido. Não havia como chegar a Bruck/Mur há tempo de seguir para Florença. Passagem perdida e hotel perdido, já que não havia como cancelar. Mas, como todos que me viram tão chateada pelo ocorrido me disseram, tudo tem seu motivo e existem coisas que não somos nós quem controlamos. Além do que tudo tem seu lado positivo. Perder o trem me permitiu ficar um dia a mais com nossa tão querida gaúcha e me despedir decentemente de uma das melhores pessoas que já conheci. E de quem já faz falta.

Adiando a viagem, após a companhia ferroviária austríaca nos dizer que não havia como chegar em Bolonha ( da onde deveriamos pegar um avião para Porto) a tempo, conseguimos fazer uma rota por conta própria que saiu mais em conta e mais rápida.Saímos de Graz sábado de manhã, depois de dar tchau para a Béti na estação no dia anterior. Fomos para Klagenfurt, ainda na Áustria, onde pegariamos um ônibus para Veneza. Ao chegarmos em Klagenfurt damos de cara com uma brasileira, paulista bem legal (sim, sim), e uma somaliana, que estão trabalhando de babá na cidade e iriam para Veneza passar o fim de semana. O que me deixa mais claro todos os dias que brasileiros estão em todo lugar. Ainda bem.

Visitamos Veneza um pouquinho, tomamos um gelatto (cantado, com sotaque italiano) e demos uma voltinha na cidade. Continua linda, Lili, da mesma maneira que vimos antes, com a diferença de não estar tão frio e de não ter você para ficar me puxando para dançar nas beiras das águas, o que faz toda a diferença. Por isso, fiquei em Veneza só duas horinhas mesmo, pra não deixar as lembranças me acordarem a saudade. E porque também precisava pegar um trem para Bolonha, cujo os planos iniciais era conhecer realmente mas depois de todos os contratempos só tivemos tempo de chegar e dormir.

Chegamos em Bolonha depois de algumas horas no trem que partiu de Veneza. A paisagem italiana é lindíssima, bucólica... Chegamos em Bolonha às nove da noite e nos surpreendemos com o fato de que os ônibus paravam de rodar as oito e meia. E lá fomos nós, buscar uma forma alternativa para chegar no hotel, cujo dono não falava nada de inglês e não sabia que o ônibus que havia nos indicado já tinha parado de rodar uma hora atrás. É aí que entra aquilo que alguns chamam de acaso, coincidência, proteção ou providência divina. Depois de passar um dia viajando, cansados e só querendo chegar ao hotel, encontramos a segunda brasileira da viagem, perguntando se ela falava em inglês e se poderia nos ajudar. Respondendo em um inglês esforçado, ela nos contou que não poderia nos ajudar porque morava em Florença e também estava perdida, porque tinha perdido o último trem que ia para sua cidade. Minutos depois a reencontramos em uma outra parada de ônibus, onde percebendo que nós conversávamos em português, ela nos contou que era brasileira e, pasmem, goiana, do bairro em que Vinicius morou quando era pequeno. E ela falava um italiano perfeito e foi nossa salvação para conseguirmos chegar na estação onde precisávamos, perguntando ao motorista com toda paciencia do mundo e algumas veze se confundindo e falando conosco em italiano e com o pobre motorista em português.

Daí para frente a história fica sem muitas emoções. Após muito andar e render-nos a um táxi, conseguimos achar o hotel escondido. O  senhor que nos recebeu, apesar da dificuldade linguistica, era extremamente simpatico e brincalhão. Hoje cedo saimos para pegarmos o avião que vinha aqui para Porto, o qual eu confesso, estava morrendo de medo. Cá nos encontramos agora, na terrinha, onde ônibus é autocarro, trem (o literal, não o goiano/mineiro que serve para tudo) é comboio e descarga é autoclismo. Acabamos de almoçar e no restaurante, adivinhem, o garçom era brasileiro. O que não é muita surpresa se tratando de Portugal, mas é sempre prazeroso encontrar um conterrâneo. Daqui seguimos para Guimarães.

Volto a dar notícias em breve, sempre que possível tentando descrever ao máximo o quão belo é tudo que encontro de novo.

(Correria, desculpem. Depois reviso e detalho mais. =) )

15 de abril de 2011

Chuva

Graz, 6 de abril de 2011

Não costumo pensar muito em vocês. Mentira, eu penso em vocês o tempo todo. O que eu não costumo é pensar até o ponto em que começa a dor, até o ponto em que a distância deixa de ser abstrata e entra em mim me mostrando o quanto é longa, fazendo meu coração pequeno. Quanto mais dói menor fica, quase parando. Com dor, meu coração encolhe, some, com amor ele não cabe no meu peito.

Hoje foi a primeira vez que choveu de verdade aqui. Choveram pingos grossos, o céu ficou escuro, havia nuvens carregadas. A chuva fez subir, pela primeira vez, cheiro de terra molhada. Eu andava sozinha, escutando música. A temperatura estava agradável, um casaquinho de lã já quase me fazia calor. Era quase Goiânia, aqueles dias em que chove, chove e quando acaba eu saio de casa um pouquinho, só para sentir o vento fresco, molhado e o cheiro da terra. 

Era quase Hidrolândia, terra das águas, terra da terra, terra do cheiro de terra molhada que aparece depois da chuva que água o jardim bem cuidado. Nesses dias assim, fins de semana, eu costumo sair na área da frente e sentar no banco de cipó, esticar os pés para a mesinha de centro e respirar. Inspirar. Espirar.  Inspirar-me. O sol costuma sair depois que a água para. Daí os pássaros cantam. E o quadro é perfeito. Paz calma. Que rapidamente se transmuta para a paz mais turbulenta. E também mais paz. Sons, vozes que jamais conseguem ser comedidas, do mais novo querendo ir para a piscina, do moreno querendo conversar sobre coisas profundas, do Schumacher tocando e cantando tão escandalosamente como ele mesmo. E logo o olfato se desvia da terra molhada para o cafezinho da tarde, com misto da tostequeira e as conversas profundas que o moreno tanto queria. Ou o acompanhamento ao violão. Ou a piscina, minutos depois. Ou tantas outras coisas que, nesses momentos em que eu não consigo evitar a lembrança, que eu desisto de lutar e deixo vir tudo de uma vez, preparada para que meu coração diminua e quase suma, fazem com que ele cresça tanto, tanto , me surpreendendo, sufocando o bicho que teima em acordar bravo e feroz, transformando-o em companhia que faz a distância voltar a ser abstrata.

Onde estou tudo é lindo. Com sol se revela o lugar perfeito. Com chuva em abril se revela mais Goiânia. E eu posso dizer que estou satisfeita. Nem mais nem menos do que foi predito. Meu saldo é sempre positivo. Já disse antes que me ensinaram a ser feliz em todo lugar. E isso fez toda a diferença.

7 de abril de 2011

Míope

Enxergo de perto 
porque o que é importante mantenho ao meu lado

Para o resto não me importo de usar óculos. 





("Não vê, tá na cara, eu não sou difícil de ler...")
(Nos Alpes Austríacos, babies...)

2 de abril de 2011

Falta


De casa sinto falta de coisas singulares

Saudade é um bicho adormecido dentro de mim
que quando acorda quer matar
E deixa sempre claro que nunca irá embora,
só irá mudar de foco.

(Foto de Lílian de Castro, maravilhosamente tirada da janela do quarto dela.)