28 de dezembro de 2011

Frustração

Ninguém verá você como você se vê
Não.
Ninguém.

E eu, que quero tão pouco...

21 de dezembro de 2011

Pesar

O conflito da vida é que ela depende apenas de nós.
O problema do mundo é que eu não posso consertá-lo inteiro.

20 de dezembro de 2011

Ato


Nós
Não somos nós. Somos laços.


19 de dezembro de 2011

Batalha

Sempre perco em teimosia.
Menos se o assunto é poesia.

18 de dezembro de 2011

Hoje

Dormi mal.
Para reverter só foi preciso um beijo e um café.
A história escrevemos à parte.



( Revidando este aqui. )

17 de dezembro de 2011

Preenchimento

Adoro dias cheios de inspiração,
mesmo que ela permaneça apenas dentro.
Ocupando esse buraco que eu só sei que existe quando está preenchido.

Inspiração é um buraco que só sabe-se que existe quando está preenchido.

16 de dezembro de 2011

Chuvisco


Hoje resolveu chover assim
do nada

E eu resolvi sentir assim
do nada
Essa coisa que vem em mim tão descarada

E do mesmo jeito que vem...


...vai.

Me deixando com essa poesia mal-feita
E a cara lavada.

2 de dezembro de 2011

Dúvida

"Ela é uma pessoa de personalidade!"

E quem não é?

29 de novembro de 2011

Apelo




Reparem!

Não é a quantidade que se fala
É a maneira.

Reparem
o que disseram.

24 de novembro de 2011

Lugar nenhum



Hoje eu to assim meio assim

Tentando achar um espaço dentro de mim para esse turbilhão de sentimentos que eu nunca tive

Tentando aprender a lidar com o desconhecido

Com essa sensação de viver uma longa tarde sem fim


Hoje eu to assim, ansiosa, com frio na barriga

Com medo e com saudades que vem de todos os lados

Hoje eu estou assim indefinível e bagunçada, como só eu sei tão bem

não ser.


(Poema do fim dos tempos austríacos, que eu achei por aqui e que define tão bem a sensação de estar em lugar nenhum daqueles últimos dias...)

22 de novembro de 2011

Risco moral

Eu começo a me preocupar quando imagino que algumas pessoas podem pensar de mim o mesmo que eu penso delas.

16 de novembro de 2011

Súplica

A princesa mais bonita não precisa de elogios.
O óbvio não precisa ser visto.

E eu, que há tanto pensava nisso, só fazia isso.

11 de novembro de 2011

Mais

Me arrependo todos os dias das pessoas que eu não conheço.

Dos amigos que eu não tenho.

E do tão insuficiente que parece ser aquilo que faço.

2 de novembro de 2011

Interpretação

Quieta
calada
suave.

É o que me dizem.

Eu mesma nem percebo. Em mim estou falando nem sei quanto.

24 de outubro de 2011

Sempre

Não ria das minhas sentimentalidades.
Não deboche do meu sentimentalismo.

Não escarneie o pouco que me é tão natural.

21 de outubro de 2011

Traços

" Detesto dizer que não.
Dizer "não" me atrapalha internamente.
Alguma coisa em minha estrutura se altera e me faz mal.

As razões que me motivam a escrever coisas, a me expor sobre certas coisas são quase sempre ridiculamente bobas. As razões que me alteram, que mexem comigo internamente são quase sempre ridiculamente bobas.

Eu sou quase sempre ridiculamente boba.

...
...
...
...
...


Tive que aprender a me decidir sobre coisas. Dizer onde não ia, com quem não ia e o que não ia fazer. Duas escolhas, sim e não, sempre me trouxeram um pouco de tormento.
A questão é que coisas tem me feito pensar. Vontades tem me feito agir. E eu quase nunca aprovo a maneira que ajo.

...
...
...


Minha mente funciona de uma maneira tão libriana em que peso todo o possível em pouco tempo. O que acontece no final é que quase nunca estou em um lugar completamente.

Realmente, eu penso demais nos outros. Realmente eu penso demais. Mas eu também detesto que me digam o que fazer. E nisso pode estar um dos pontos que eu procuro.

...

Tudo está conscientemente cosido. Afinal a vida não é isso? Essa mania de explicação. Essa mania de padronização. Essa mania de conceituação.
Existem em mim uma forma borrada, um emaranhado de características, nada com um traço perfeito de lápis 6B. O grande problema é a pressão de estabelecer essa forma exata, traçada ao longo da vida, iniciada com as linhas pontilhadas das tias da alfabetização.

.

' O que faltava, filha, e que você tanto procurava, era (é) não ter que procurar nada.' "

16 de outubro de 2011

Minha culpa

Não posso me acusar de não pensar...
Só de ignorar o que descubro.

15 de outubro de 2011

Descontrole

Eu tenho que te devolver o controle. (Silêncio) (Silêncio) (Silêncio) (Silêncio) O controle do portão. Eu sei. Vou arrumá-lo e te devolvo. Não quero. Oi? Não quero. (Silêncio)
Se você me devolver, eu perco o controle.

14 de outubro de 2011

Ponto de vista

- Por que você não usa lentes?
- Porque eu gosto de ter esse poder de alterar meu mundo com facilidade. Quando estou com os óculos tenho uma visão lactu sensu, vejo de tudo um pouco, o que está longe e o que está perto. Aí quando me dá na telha e o tiro e só vejo o que está perto ou dentro.
- Você sempre tem uma resposta poética...
- Não é? E a verdade mesmo é que é só porque eu não me acostumo.


(Antigo, bem antigo. E não poderia ser melhor contextualizado.)

30 de setembro de 2011

Cadência

Ar seco
Inspiro, não respiro

Aí penso em você e o ar me vem de novo.
Só que
des
com
passado.

24 de setembro de 2011

Livro aberto



Não procuro compreensão explícita.
Prefiro que me leiam em segredo.

17 de setembro de 2011

Confiança


Quando o coração acha a batida
a alma acha o peso certo.
Porque quando um enxerga o caminho
(e que há caminho)
o outro confia e ajuda no resto.



16 de setembro de 2011

Schiiii




Cheiro de chuva chama.
Chama
meu cheiro
com seu
com meu
com seu
com meu

na cama.


(Pra comemorar as gotas de ontem. ;D )

15 de setembro de 2011

Resistência

Não sei se esperança é a última que morre.
Acho que é a última que queremos matar.

13 de setembro de 2011

Vi, Vivi

Meus segredos são meu baú.
Minhas vírgulas são meu cadeado.
Minhas palavras são minha chave.

(A visão de MKawasaki sobre mim.)

Meus segredos são tão efêmeros...
Minhas vírgulas estão sempre nos pontos finais que eu quero evitar.

Minhas palavras são minha chave.
Ah sim! Minhas palavras são minha chave!
Tão expostas, tão a mostra...

(Minha visão sobre a visão de MKawasaki sobre mim.)

9 de setembro de 2011

Liberdade

Guarda-me em ti
Guarda-te em mim
Tranca e esconde a chave até quando

(eu, você)

quiser.

3 de setembro de 2011

Acalento

Calma, calma

Tudo tem seu tempo
Tudo tem seu modo

E de algum modo
(e em algum lugar do tempo)
você ainda terá tudo.

2 de setembro de 2011

Hábito

Ar que vem cheio de nada
Noite que vem cheia de idéias
Eu que me vou cheia de sono...


(Pra descontrair um pouquinho... =] )

1 de setembro de 2011

Dias


Pessoas que passam por ali
Que nunca passaram
E que nunca voltarão a passar

Tudo passa, até a vida passa.


29 de agosto de 2011

Agosto




Nesse tempo seco e poeirento
o que me resta é admirar o vento
que tanto leva, tanto trás
Tanto faz...

27 de agosto de 2011

Silêncio


Me põe o dedo na boca e cala-me.
Faça com que eu me ouça
e aceite.

24 de agosto de 2011

Para mim

Me afundei nos livros mais difíceis
Nas músicas mais doloridas
Nos encontros mais complicados
Me permiti chorar,
falar demais,
falar a ninguém
e dormir.

Dormi. Descansei.
De tudo que estava me exaustando.
E descobri respostas, descobri caminhos,
desenterrei perguntas.

Desfiz e refiz.

Descobri do que sou capaz, o que quero
Aprendi para onde devo olhar e
Para quem devo viver

Aparei as arestas em tempo abstrato.

23 de agosto de 2011

Às favas


Não vou dar tempo ao tempo.
Ele que dê a mim.

22 de agosto de 2011

E agora

Eu sofro de falta de algo pra mim
Sofro de invisibilidade
ou talvez seja de mimetismo.

Eu sofro de tanta vontade!
De tanta vontade de não sei o quê.

18 de agosto de 2011

Das coisas doces...

" Estamos todos no telhado. A maioria olha pro céu. Nós procuramos as estrelas."

" E tem gente que não sabe que das décadas mais felizes, as primeiras foram em Serra dos Montes em cima das telhas, vendo as estrelas."

Dos inúmeros presentes que ganhei deste que foi dos mais doces aniversários, destacam-se palavras e luz. Destaca-se a alegria de estar integrada novamente. Destaca-se a certeza da diferença. Destaca-se a falta de quem muito me agregou.

Juro que não existem muitas certezas em mim. Pelas que existem posso justificar minha vida.

Obrigado. Profundamente.

Fragmentos

Palavras podem ser insuficientes. Ainda mais quando muito repetidas.
Um ato pode demonstrar tudo.

***

Às vezes eu acho que só preciso de uma borracha, para passar em cima das partes falhas e pronto passou.

***

Sempre desconfiei ter um pendor natural para tristeza. O qual eu perco quando percebo quão bom é ser feliz. Inexplicável. Como eu faço para cavar bem fundo?

***

Idéias, idéias, idéias, palavras.
Façam-me o favor de juntarem-se em algo concreto?

11 de agosto de 2011

Percepções

Se eu desce evasão a todos meus impulsos repentinos
Nossa!

Nossa!

Quanto mais eu vivo mais eu aprendo quanta metamorfose existe em todo lugar.
E como é bom não ceder algumas vezes,
já que podemos voltar pro mesmo ponto em seguida.

Nossa!
Nossa!

30 de julho de 2011

Entre



Você sente falta? Sinto, e você? Sinto. Você vai escrever sobre isso? É provável, eu não consigo me guardar em mim normalmente. É verdade, você sabe por quê? Não faço ideia, acho que é só uma característica, um pormenor, complica muito as coisas as vezes mas é só um pormenor. Por quê complica as coisas? Complica para mim só, acabo fazendo tudo em função das outras coisas. Mas por quê estamos falando disso? Porque é muito mais difícil inventar algo. É... Quantos filhos você quer ter? Três. Três? É, por quê essa cara? Não gosto muito da ideia de três filhos. Como assim? Pensa bem: três crianças, se forem duas meninas e um menino, ele sempre vai ficar isolado; ou dois meninos e uma menina, ela sempre vai ficar mais sozinha. Ah, isso não é assim necessariamente, além de que podem ser três meninas ou três meninos. É. Você prefere só dois então? Dois ou quatro, gosto de números pares, gosto de pares na verdade, acho que as pessoas não deviam ser sozinhas. "É impossível ser feliz sozinho..." É, não sei, mas acho que ninguém escolhe isso, sei lá. É. Quer um café? Não quero levantar. Eu trago pra você. Não quero que você saia. Nunca vi você recusar um café. Você nunca me viu recusar você, isso sim. Ah, isso eu já vi. Eu recusar você. É. Quando? ... (Pausa) Já reparou que quando a gente levanta o mundo muda? Ih... Não, não, não é desses discursos "podemos mudar o mundo com nossa força" não. Ah. É algo nosso mesmo, pessoal, quanto a gente levanta o nosso mundo muda, as conversas ficam mais superficiais, mais externas, sei lá. É, acho que quando a gente abre a porta a gente deixa o mundo entrar, por isso tudo fica mais comum. Por isso que eu não quero café. Depois eu trago a cafeteira pra cá. Ha, ha, ha, aí eu ia aceitar uma xícara. (Pausa. Abraços.) Sabe que você falando assim parece que você não gosta do mundo? É, eu sei, mas não é isso, eu só gosto de mergulhar assim em mim às vezes. Eu sei. Eu sei que você sabe, estou falando para quem está lendo. Você vai mesmo escrever isso? Tô pensando. Você tem que aprender que pode fazer coisas só para você. É, eu sei... Eu sei que você sabe, estou falando com quem está lendo. Ha,ha,ha, vê como isso é culpa sua também? (Pausa. Abraços. Beijos.) Seu cabelo tá tão longo. Né? Tô pensando em cortar. Por quê? Não sei, quando fica longo assim me assusta, tenho medo de ficar meio sem graça. Me acostumei com eles bem mais curtos.

28 de julho de 2011

Prisma

Escrever é sempre voltar os olhos para dentro.
É marcar compromisso comigo mesma e levar junto a coragem de manter
os mesmos olhos abertos
quando os fecho e olho para mim.

20 de julho de 2011

Reflexões despretensiosas sobre o tempo

Não sei se devemos considerar o tempo amigo ou carrasco.
O curso do tempo é independente da nossa vontade. O que depende de nós é fazer da nossa maneira e só.
Com o tempo, acho, só podemos andar lado a lado.
Usá-lo classificando-o ou praguejando-o acho que nos desvia de preenchê-lo com o melhor conteúdo.

(Resultante da leitura desse texto aqui e dos respectivos comentários.)

14 de julho de 2011

As últimas quatro estações




Estar de volta exige repensar sobre tudo. Tudo mesmo. O que passou, o que está por vir e, o mais intrigante, sobre o que se passa.  Engraçado que o que mais fiz em todo esse tempo que agora passou foi pensar. Sobre tudo. O que é bom, o que é ruim, o porquê eu queria tanto voltar para cá e as coisas que me faziam querer ficar por lá. Agora, estou dentro do jogo de novo, vendo como quem está por dentro, parcial e facilmente afetável. Mas agora vejo com outros olhos, tais esses que eu nem sei dizer por que são outros, provavelmente por estar dentro do jogo que sou eu. É claro que alguns outros sabem dizer melhor do que eu por que esses olhos são outros e só o sabem fazê-lo por estarem me vendo assim como eu os vi nos últimos dez meses: de fora, de longe, apesar de sempre perto.  

Essa idéia de que vê melhor o jogo aquele que está de fora dele sempre serviu para me explicar muito, muito. Vejo mais, sinto mais quando estou de fora. Aliás, imagino que vejo e que sinta da mesma maneira. Mas ao estar dentro me torno parte de um todo e por isso distingo menos, apesar de sentir do mesmo tanto. Deve ser isso.
Depois de dez meses parece que voltei sem ter passado uma semana fora. É claro que aqueles que aqui ficaram que não foram bombardeados por tudo diferente que eu fui e que não tinham o sentimento de falta amenizado pelo sentimento de ânsia por tudo de novo que vem (sem nenhuma intenção de que isso soe arrogante) irão ralhar comigo por dizer que pareceu pouco tempo. Não confundam, não pareceu pouco tempo. Pareceu, na verdade, o tempo que durou, sem nenhuma relatividade. Mas família acolhe-se como se nunca houvesse saído de perto nenhuma parte de si. É a coisa da parte e do todo de novo, reabsorvendo só, reacoplando. Por isso, não me pareceu ter estado longe mais que uma semana.

Era alertada constantemente sobre o crescimento acelerado do Lucca. É óbvio que houve, mas ele continua me dando selinho, pedindo “beijo, abraço, estica” e fazendo de tudo para que eu lhe faça cócegas até ele se arrepender de ter pedido.  Se a transição complicada entre infância e adolescência não se fez dolorida, é prova clara de que tudo que é meu permaneceu no lugar e eu me reintegrei sem estranhar um segundo que fosse o lugar que é meu.

Não posso dizer o mesmo quanto ao espaço generalizado. A cidade, as pessoas, os hábitos. Descobri que o impacto não é muito quando se vai daqui até lá mas que o inverso é estranhamente perturbador. E perigoso, porque corro sempre o risco de parecer que voltei arrogante e antibrasileira. Antes fosse simples assim. O que posso (e quero) dizer agora é que a necessidade de trabalhar para que as coisas melhorem é gritante e seria muito fácil aceitar isso com uma postura eurocêntrica e me mudar definitivamente assim que tivesse a primeira oportunidade.

Agora, como explicar essa pontinha de dor que sinto quando penso nesse passado tão recente, quando vejo as fotos e relembro os momentos? Eu penso em muitas respostas e acho que elas se somam para me dar a resposta verdadeira.  Uma delas é a diferença entre a vida resolvida e a vida por resolver. Outra é a diferença de facilidades (e dificuldades) de duas realidades diferentes. Mas provavelmente a mais importante é também a mais óbvia. Aquela que já fora prevista desde as primeiras percepções de afeto: a saudade jamais seria extinta por completo, ela seria apenas mudada de direção. (Detalhe: assistindo jogo Brasil e Equador, Galvão diz: “ótima enfiada de bola.” Lá ele.) Não preciso dizer muito sobre isso. O engraçado é que do lado de lá, ninguém agüentava mais me ouvir falar de histórias de irmãos, pai, mãe, colégio, amiga, boto. Agora, do lado de cá, tudo tem um toque de dendê, de queijo coalho, de bolinho de bacalhau e de chimarrão. E também já não agüentam mais me ouvir falar. Mas sempre, dos dois lados, escutam (e escutaram) com paciência e até com interesse talvez, e com certeza com a delicadeza de me deixar jorrar essas histórias que me fazem tão orgulhosa de ser eu, parte desses todos que tem pelo menos a mim como ponto em comum.

Novamente, saudades que não cabem. Não fui feita com capacidade suficiente para esse tanto de sentimento mas ele dá um jeito e se aloja por aqui. Obrigado por fazerem minha vida alternar entre primavera cheia de flores e verão cheio de sol, independente da estação.

25 de junho de 2011

Sobre fluidez

É extremamente intrigante como os textos se amadurecem dentro de mim. De alguma forma eu sei que eu ainda não estou pronta para sentar e escrevê-los, ainda estou absorvendo para saírem do meu jeito. De alguma forma são plantados e a partir daí vão crescendo, virando e por isso são uma extensão do que eu sou. E se eu tento fazer antes da hora, ah, sai algo assim truncado, cheio de buracos e vazio do que é essência em mim. Muitas coisas vindo por aí, muitas, sem que eu precise sequer me esforçar para elas. Estou apenas sentindo-as chegando. Como eu, logo, logo.


(Créditos por tratamento de foto mais que devidamente oferecidos a Stella Carvalho.)

15 de junho de 2011

Escada

Carrego todos os jeitos do mundo
Absorvo maneiras de todos os outros
Sou feita de tudo que ouço, vejo e percebo
Tudo, tudo que me é dito faz alguma diferença

Subo e desço todos os dias só para alongar a frase
Só para continuar construindo o texto que sou por dentro
Sem nenhuma pretensão de conseguir finalizar da melhor forma

10 de junho de 2011

Reflexo


Quando meus olhos não sorriem por si só
minha alma é rio corrente
Correndo para algum lugar em que ria sinceramente.

3 de junho de 2011

Prática

Algumas coisas são apenas sobre anulação do ego: ter a capacidade de dizer o que o outro quer ouvir ao invés de dizer o que se quer dizer. Às vezes não se quer falar. Quer-se ser descoberto. Por isso deixam-se enigmas. Não quer ajudar a desvendá-los. Quer-se ser descoberto, e só. Sem perguntas, sem respostas. Apenas leitura de sentimentos.

Poesia é a única coisa que consegue ser, ao mesmo tempo, leitura de sentimentos e sentimentos escritos. Leia-me para ler meus sentimentos.

1 de junho de 2011

Poesia é a única coisa que consegue ser ao mesmo tempo leitura de sentimentos e sentimentos escritos.

27 de maio de 2011

Plena

Sinto poesia, concretamente.
Parece que as palavras se movimentam dentro de mim para dar forma a alguma coisa fora.
Trecho de sentimentos palavreado.
Quando me sinto assim, plano plena.


Engraçado como as vezes faço um poema para depois fazer o que eu queria.
Aí, poesia.


(Poesia com referência a anterior.)

26 de maio de 2011

Eu sou

Aprecio ter momentos desprovidos de pensamento.
Minutos em que apenas exista

Uma com tudo,
tudo que seja eu sem que precise entender o quê

Minutos em que plena eu plane
e só.


(Descobri que continua...)

20 de maio de 2011

Cycles

Não há a mínima graça em tempo livre quando o seu está ocupado.
O meu prazer está em caminhar ao seu lado.


("Quão dispostos nós estamos. Obrigado pelas mãos.")

18 de maio de 2011

Diálogo

Converso tanto comigo internamente que fica difícil me concentrar em qualquer coisa que exija silêncio.
Não paro de gritar e não consigo evitar me ouvir.

12 de maio de 2011

Metamorfose

Entristeço
Alegro
Entristeço

Em um minuto

Muita facilidade em mudar
independente de minha vontade

Muita dificuldade em lidar com isso.

24 de abril de 2011

Dia'rio de Bordo 3

Glasgow, 24/04/2011

Hoje visitei Edimburgo. Cidade lindissima, com arquitetura fabulosa e historias escondidas que ninguem desconfia. Fizemos um tour gratuito pela cidade que valeu muito a pena, a guia era animadissima e nos fez saber coisas que nunca procurariamos por conta propria. Descobri o tumulo de Tom Riddle, sim, 'e verdade. Quem le Harry Potter me entendera'. Depois assistimos um concerto dentro de uma das mais importantes catedrais, por pura sorte. Agora estamos de volta ao hotel, mortos, e amanha saimos para outra tour, dando uma voltinha pela verdissima Escocia.

Ah, os homens usam sim aquela roupinha de saiote na rua.

Saudades um pouco doloridas de casa hoje. Feliz Pascoa a todos!

(Apenas um rascunho para nao esquecer os pontos principais... =** )

21 de abril de 2011

Diario de Bordo 2

Estoril, 21 de abril de 2011

Preciso ser rapida nesse. Hoje conheci Lisboa, andei por tudo e me impressionei, me senti banhada pela minha propria historia, a que nao tenho acesso por ter nascido alguns seculos depois. Nao poderia estar mais feliz. Pasteizinhos de Belem sao maravilhosos, as praias portuguesas sao lindas por serem portuguesas, adimirei o mar como sabe fazer bem toda goiana romantica como eu. Descobri que descobri em Portugal uma amiga maravilhosa. E descobri que estar em casa de familia me mata de saudades da minha.

Vou comer agora `a mesa de familia. Estarei a pensar (sim, maneira portuguesa) na minha.

Amo a todos.

17 de abril de 2011

Diário de Bordo

Porto, 17 de abril de 2011

Resolvi dessa vez fazer um diário de bordo. Mas ele começa relativamente atrasado, assim como essa viagem.

Deveriamos ter saído de Graz quinta-feira a noite, em um trem que seguiria para Bruck/Mur, da onde pegariamos o trem para Florença, Itália. Como eram duas viagens, eram duas passagens. Mas me confundi e olhei o horário da segunda passagem achando que era o da primeira. Ou seja, quando me dei conta, o trem que sairia de Graz as 20:35 (eu achava que era 21:35) já se tinha ido. Não havia como chegar a Bruck/Mur há tempo de seguir para Florença. Passagem perdida e hotel perdido, já que não havia como cancelar. Mas, como todos que me viram tão chateada pelo ocorrido me disseram, tudo tem seu motivo e existem coisas que não somos nós quem controlamos. Além do que tudo tem seu lado positivo. Perder o trem me permitiu ficar um dia a mais com nossa tão querida gaúcha e me despedir decentemente de uma das melhores pessoas que já conheci. E de quem já faz falta.

Adiando a viagem, após a companhia ferroviária austríaca nos dizer que não havia como chegar em Bolonha ( da onde deveriamos pegar um avião para Porto) a tempo, conseguimos fazer uma rota por conta própria que saiu mais em conta e mais rápida.Saímos de Graz sábado de manhã, depois de dar tchau para a Béti na estação no dia anterior. Fomos para Klagenfurt, ainda na Áustria, onde pegariamos um ônibus para Veneza. Ao chegarmos em Klagenfurt damos de cara com uma brasileira, paulista bem legal (sim, sim), e uma somaliana, que estão trabalhando de babá na cidade e iriam para Veneza passar o fim de semana. O que me deixa mais claro todos os dias que brasileiros estão em todo lugar. Ainda bem.

Visitamos Veneza um pouquinho, tomamos um gelatto (cantado, com sotaque italiano) e demos uma voltinha na cidade. Continua linda, Lili, da mesma maneira que vimos antes, com a diferença de não estar tão frio e de não ter você para ficar me puxando para dançar nas beiras das águas, o que faz toda a diferença. Por isso, fiquei em Veneza só duas horinhas mesmo, pra não deixar as lembranças me acordarem a saudade. E porque também precisava pegar um trem para Bolonha, cujo os planos iniciais era conhecer realmente mas depois de todos os contratempos só tivemos tempo de chegar e dormir.

Chegamos em Bolonha depois de algumas horas no trem que partiu de Veneza. A paisagem italiana é lindíssima, bucólica... Chegamos em Bolonha às nove da noite e nos surpreendemos com o fato de que os ônibus paravam de rodar as oito e meia. E lá fomos nós, buscar uma forma alternativa para chegar no hotel, cujo dono não falava nada de inglês e não sabia que o ônibus que havia nos indicado já tinha parado de rodar uma hora atrás. É aí que entra aquilo que alguns chamam de acaso, coincidência, proteção ou providência divina. Depois de passar um dia viajando, cansados e só querendo chegar ao hotel, encontramos a segunda brasileira da viagem, perguntando se ela falava em inglês e se poderia nos ajudar. Respondendo em um inglês esforçado, ela nos contou que não poderia nos ajudar porque morava em Florença e também estava perdida, porque tinha perdido o último trem que ia para sua cidade. Minutos depois a reencontramos em uma outra parada de ônibus, onde percebendo que nós conversávamos em português, ela nos contou que era brasileira e, pasmem, goiana, do bairro em que Vinicius morou quando era pequeno. E ela falava um italiano perfeito e foi nossa salvação para conseguirmos chegar na estação onde precisávamos, perguntando ao motorista com toda paciencia do mundo e algumas veze se confundindo e falando conosco em italiano e com o pobre motorista em português.

Daí para frente a história fica sem muitas emoções. Após muito andar e render-nos a um táxi, conseguimos achar o hotel escondido. O  senhor que nos recebeu, apesar da dificuldade linguistica, era extremamente simpatico e brincalhão. Hoje cedo saimos para pegarmos o avião que vinha aqui para Porto, o qual eu confesso, estava morrendo de medo. Cá nos encontramos agora, na terrinha, onde ônibus é autocarro, trem (o literal, não o goiano/mineiro que serve para tudo) é comboio e descarga é autoclismo. Acabamos de almoçar e no restaurante, adivinhem, o garçom era brasileiro. O que não é muita surpresa se tratando de Portugal, mas é sempre prazeroso encontrar um conterrâneo. Daqui seguimos para Guimarães.

Volto a dar notícias em breve, sempre que possível tentando descrever ao máximo o quão belo é tudo que encontro de novo.

(Correria, desculpem. Depois reviso e detalho mais. =) )

15 de abril de 2011

Chuva

Graz, 6 de abril de 2011

Não costumo pensar muito em vocês. Mentira, eu penso em vocês o tempo todo. O que eu não costumo é pensar até o ponto em que começa a dor, até o ponto em que a distância deixa de ser abstrata e entra em mim me mostrando o quanto é longa, fazendo meu coração pequeno. Quanto mais dói menor fica, quase parando. Com dor, meu coração encolhe, some, com amor ele não cabe no meu peito.

Hoje foi a primeira vez que choveu de verdade aqui. Choveram pingos grossos, o céu ficou escuro, havia nuvens carregadas. A chuva fez subir, pela primeira vez, cheiro de terra molhada. Eu andava sozinha, escutando música. A temperatura estava agradável, um casaquinho de lã já quase me fazia calor. Era quase Goiânia, aqueles dias em que chove, chove e quando acaba eu saio de casa um pouquinho, só para sentir o vento fresco, molhado e o cheiro da terra. 

Era quase Hidrolândia, terra das águas, terra da terra, terra do cheiro de terra molhada que aparece depois da chuva que água o jardim bem cuidado. Nesses dias assim, fins de semana, eu costumo sair na área da frente e sentar no banco de cipó, esticar os pés para a mesinha de centro e respirar. Inspirar. Espirar.  Inspirar-me. O sol costuma sair depois que a água para. Daí os pássaros cantam. E o quadro é perfeito. Paz calma. Que rapidamente se transmuta para a paz mais turbulenta. E também mais paz. Sons, vozes que jamais conseguem ser comedidas, do mais novo querendo ir para a piscina, do moreno querendo conversar sobre coisas profundas, do Schumacher tocando e cantando tão escandalosamente como ele mesmo. E logo o olfato se desvia da terra molhada para o cafezinho da tarde, com misto da tostequeira e as conversas profundas que o moreno tanto queria. Ou o acompanhamento ao violão. Ou a piscina, minutos depois. Ou tantas outras coisas que, nesses momentos em que eu não consigo evitar a lembrança, que eu desisto de lutar e deixo vir tudo de uma vez, preparada para que meu coração diminua e quase suma, fazem com que ele cresça tanto, tanto , me surpreendendo, sufocando o bicho que teima em acordar bravo e feroz, transformando-o em companhia que faz a distância voltar a ser abstrata.

Onde estou tudo é lindo. Com sol se revela o lugar perfeito. Com chuva em abril se revela mais Goiânia. E eu posso dizer que estou satisfeita. Nem mais nem menos do que foi predito. Meu saldo é sempre positivo. Já disse antes que me ensinaram a ser feliz em todo lugar. E isso fez toda a diferença.

7 de abril de 2011

Míope

Enxergo de perto 
porque o que é importante mantenho ao meu lado

Para o resto não me importo de usar óculos. 





("Não vê, tá na cara, eu não sou difícil de ler...")
(Nos Alpes Austríacos, babies...)

2 de abril de 2011

Falta


De casa sinto falta de coisas singulares

Saudade é um bicho adormecido dentro de mim
que quando acorda quer matar
E deixa sempre claro que nunca irá embora,
só irá mudar de foco.

(Foto de Lílian de Castro, maravilhosamente tirada da janela do quarto dela.)

24 de março de 2011

Não há de quê


Acabei de ganhar um presente.

Há dias que o mano vem me pedindo o  Daruma que deixei guardado em casa. Daruma é um talismã japonês, um boneco que representa um monge indiano que meditou por anos, sem mexer ou fechar os olhos, procurando alcançar a iluminação. A história conta que ele retirou as pálpebras para que não dormisse durante a meditação. Por isso, no dito talismã, pinta-se um dos olhos do boneco ao ter um pedido em mente e quando o desejo é realizado, pinta-se o outro e leva-o a algum altar budista, onde o costume é queimá-lo no ano novo.

Ganhei o tal Daruma ano passado, em uma viagem a São Paulo, na famosa Liberdade, de um amigo com qual não tive oportunidade ainda de estreitar a amizade mas por quem adquiri muito carinho. Desde que o ganhei, mantive na prateleira do guarda-roupa, guardado, guardando, sem nunca ter certeza, pedindo por um pedido bom o suficiente para fazer ao monge indiano.

Hoje, conversando com o mano que insistentemente pedia-me o talismã, que fez peripécias para conseguir o seu próprio, que se diz cheio de desejos a serem realizados, descobri o motivo certo de nunca ter pintado nenhum dos olhos do boneco: não há o que eu possa pedir, já tenho tudo o que quero.

Ganhei então dois presentes e para compensar, presenteei.



(Obrigado por esse, amore. O chato é que você nunca me lê...)

23 de março de 2011

Espontaneamente

Sou cofre seguro aos segredos alheios.

Quanto aos meus,
se não quero revelar não dou nem ao papel
porque sei que eu mesma farei dele avião pra voar em algum lugar.



22 de março de 2011

Sentido (Dia a dia)


O que mais faço é permanecer

Permaneço sentindo
Permaneço escrevendo
Permaneço revelando os meus segredos sutilmente

Permaneço procurando o que falta
pois
permaneço em constante reconstrução.

(Obrigado por esse, pai...)

20 de março de 2011

Água


Poesia me mata a sede
E me dá vontade de provocá-la

Inquieta e aquieta
É onde me acalmo e onde me enfureço
É mar que em calmaria me banha
e em tempestade me afoga

Sou uma mulher de muitas palavras.





(Ouvir Teatro Mágico dá nisso...)

17 de março de 2011

Conclusão

Se o homem foi à lua, se o cantor critica a música, se a educação é melhor aqui ou lá, se a segurança faz querer ficar, se a crueldade por poder é intrínseco no ser humano, se nem todos fariam da mesma forma, se adianta alguma coisa discutir isso.

Si, si, si

Discussões acaloradas fazem-me morrer de calor no frio austríaco.

E o saldo da minha noite é que nós devemos ter as grandes discussões
e os pequenos atos que já estão ao nosso alcance.

(Seja em Minas, Bahia, Porto Alegre, Goiânia ou Europa, já disseram antes que quem tem amigos tem tudo.)

(Como já disse antes, em constante reconstrução)

11 de março de 2011

Sensitiva



Eu tenho o privilégio de ter mais de um lar.
E ainda de sentir que vivo em cada um que vive em mim.

O mais estranho é que tenho sentido ultimamente como se já estivesse em casa.
E isso por algum motivo faz tudo parecer estar mais longe.

A diferença em mim é que me ensinaram a ser feliz onde quer que eu estivesse.

5 de março de 2011

Presente


Café da manhã com direito a meio dia,
iogurte com cereal
sol na varanda

Café da manhã com direito a reflexões sobre o mais intrínseco em mim e em ti.

Café da manhã com direito a ter certeza
de pelo menos algumas coisas.

3 de março de 2011

Já percebi inúmeras mudanças em mim. Imagino que as mais importantes sejam aquelas que eu não consigo perceber.

22 de fevereiro de 2011

Sopro


O vento sopra
e me traz de volta os sonhos de criança
Melhor que isso
Traz de volta a maneira de sonhar de quando era criança

O vento vem do outro continente
me dizendo que um pouco desses sonhos
...
eu já realizei


(Mesmo não tendo soprado todas as velinhas.)

18 de fevereiro de 2011

Dentro de mim

Existem coisas que me fazem querer escrever.

Na verdade, não existe o que não me faça querer escrever.
Quando me apago,
quando me ausento um pouquinho,
é porque sobra luz
porque há presença.

Talvez eu também devesse aprender a me guiar pela luz no túnel inteiro.

4 de fevereiro de 2011


Tenho poucas poesias de amor. Tenho inúmeras que o amor me fez fazer.

3 de fevereiro de 2011

Reunindo pedaços

Estou feliz com o que tem nascido de mim
Tenho gana de sentimento
Existem coisas
(em mim)
que vão contra minha natureza introspectiva

"Da luta não me retiro"
Da luta contra quem?
As possibilidades de mim?
Preciso fazer a diferença, do meu jeito.

De alguma maneira quero alcançar todos que admiro.
O que eu deixar pra trás não vou saber o que teria sido.

2 de fevereiro de 2011

Segunda metade


Que cheiro de casa
Que sensação de que estou no meu cantinho
Só meu
O dia ainda é dia,
até agora
O tempo está mudando,
acabando

Posso até sentir o cheiro
de cantoria embaixo do abacateiro
No quarto
No parque
Sem hora pra acabar

Músicas e poemas
E músicas e poemas
Está chegando a hora de recomeçar de onde paramos.

(Algumas coisas demoram a ficar prontas. Penso ainda.)

23 de janeiro de 2011

Minimamente

Por algum motivo sou assim,
reclusa em mim

E por algum motivo não consigo forçar que saia o que não quer sair
por mais que eu tente retirar
e por mais que eu saiba que eu preciso

Sou muito eu
e isso que faço faço pra mim
Necessidade não egoística
E há quem goste
por estar em mim
Até mais do que eu

Não, não mais do que eu.

Existe algo em mim que é natural
Tão natural que não há quem controle
Sequer eu
Mesmo sabendo que eu nunca tive a ilusão de ter algum controle
Não sobre mim

Tanto eu 
sou
Tanto mim
Preciso olhar de fora pra entender o que há de dentro

Minimamente


15 de janeiro de 2011

Assim

Eu ando poética na vida
ultimamente
não no papel.

Se bem que eu queria que estivesse nele.