23 de agosto de 2016

Ateliê

Há dias me mandaram enxergar direito,
me disseram que era tudo culpa minha
e me mandaram abrir os olhos.
Mas disso eu já sabia.

Me disseram que era tudo culpa minha
e que eu segurava o que devia estar oferecendo.
E que na pele eu ia perceber o que acontece
quando não me passo dos limites.
E disso eu não sabia.

Me mostraram que eu ia me preencher
de tudo que eu botasse pra dentro.
E me questionaram se era daquilo mesmo
que eu queria ser contida.
E eu não fazia ideia.

Não fazia ideia das distrações
da amplitude delas
da importância delas
de como é fácil passar por uma noite,
de como uma noite é uma vida
e de como uma vida é só uma noite dilatada.

"Não há o que ser a não ser o que é"
De lá pra cá eu não parei de ouvir
E me disseram que o cansaço não existe,
porque o trabalho é infinito
e o amor é o tubérculo que dá a liga.
 
(para ler provavelmente ao som de: )
 
 

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