26 de junho de 2010

Quebra, cabeça

Ver triste assim água minha alma
Eu sinto o que vem daí
Minha vontade é te acalentar, te por em meu colo, inverter os papéis
Porque em mim doeria até sempre
Eu não suportaria como você suporta,
Não conseguiria ficar vendo isso chegar.

A vida é uma coisa estranha. O tempo mata, literalmente. E isso nos faz sofrer aos poucos. É complicado quando tudo muda, é complicado saber que tudo vai mudar. Não saber aonde tudo vai dar ou se não vai dar em nada. Quando eu ando eu observo a vida como se eu observasse o tempo. Andar com meus irmãos e meus pais traz a mesma sensação de uma manhã de sábado chuvosa, em que você pode ficar na cama coberto e quente por quanto tempo quiser. E nem é pela superlotação. É porque nesses momentos, o quebra-cabeça da minha alma está completo. O objetivo de minha vida é manter esse quebra-cabeça completo sempre. Mas as coisas vão mudando de lugar. E é perigoso não querer que elas mudem. É tudo tão perfeito do jeito que está, que qualquer mudança assusta. O quebra-cabeça vai mudando de imagem. As peças vão ficando menores, mais difíceis de encaixarem. Permanecer perto é uma necessidade perigosa. E cada vez mais difícil. Eu não quero ver ninguém ir embora. Não quero ver nenhum quebra-cabeça desmontado. Não quero perder nenhuma peça do meu. Fica e acalenta aquele de quem eu preciso tanto.

4 comentários:

  1. Primeiramente, parabéns pelo blog! Seus textos são muito inspiradores.
    Sobre esse último...
    Não gostamos de mudança, temos medo do desconhecido. Não acreditamos em coisas novas, receiamos que elas possam nos machucar de qualquer forma. Você soube expor isso muito bem, ótimo texto.
    Beijos, estou te seguindo!

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  2. Omnia mutantur, nihil interit. Significa: Tudo mudo, mas nada realmente se perde.

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  3. Pelo visto esse seu quebra cabeça é sua linda família, e isso é algo abençoado. Da mesma forma, outras peças vão chegar a medida que outras famílias se formarão a partir da sua. Abençoadas também serão.
    Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com

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  4. O bom é saber que os quebra-cabeças da existência são moldáveis, regenerativos. Lembra-se do filme "O exterminador do futuro", daquele andróide que se regenera mesmo arrancand0-lhe os pedaços? Ô cabra teimoso, sô! Nossos quebra-cabeças são assim, reconstroem-se, reconstituem-se e a vida continua, como disse ele um dia desses, com aquela sua voz sem som: "A vida é tão bonita!"

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