21 de outubro de 2010

Anatomia



Adoro sentir meu coração querendo pular fora do peito.
Essa sensação que acontece quando vamos falar em público, apresentar uma peça, cantar uma música, sei lá.
Aliada daquela vontade louca de vomitar tudo o que não comeu pelo nervosismo. É bizarro. E tão bom. Parece que o peito realmente vai se rasgar, e o coração simplesmente vai sair por aí quicando.
É a prova mais fácil de sentir vida. O coração batendo forte, dá pra senti-lo na têmpora, nos pulsos, no pescoço. A cabeça fica zonza com a aceleração do sangue, as mãos começam a tremer.
Gostaria de conseguir sentir tão facilmente cada pedaço do meu corpo. Sentir de verdade, querendo sair fora.
O que será o coração? Será que é a alma que de alguma forma precisa se alojar? Será que é a vida, se mostrando presente? Será que é o amor, que vai se acumulando dentro do nosso corpo tão desconhecido e vai tomando forma?
Ainda quero poder sentir o sangue correndo pelas veias, o ar preenchendo os pulmões, saindo pelos poros e ressoando nos ossos, construindo os harmônicos mais perfeitos. Quero sentir as lágrimas subindo aos olhos, as cordas vocais vibrando. Só podemos ter sensações. Idéias mínimas.
O corpo é palco da alma. Que ela atue em cada célula que tenho.

(Texto antigo, que encontrei perdido aqui nos meus rascunhos... Normalmente esses são os que eu não gosto... Hoje eu gostei dele e achei que deveria postar.)

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