24 de março de 2011

Não há de quê


Acabei de ganhar um presente.

Há dias que o mano vem me pedindo o  Daruma que deixei guardado em casa. Daruma é um talismã japonês, um boneco que representa um monge indiano que meditou por anos, sem mexer ou fechar os olhos, procurando alcançar a iluminação. A história conta que ele retirou as pálpebras para que não dormisse durante a meditação. Por isso, no dito talismã, pinta-se um dos olhos do boneco ao ter um pedido em mente e quando o desejo é realizado, pinta-se o outro e leva-o a algum altar budista, onde o costume é queimá-lo no ano novo.

Ganhei o tal Daruma ano passado, em uma viagem a São Paulo, na famosa Liberdade, de um amigo com qual não tive oportunidade ainda de estreitar a amizade mas por quem adquiri muito carinho. Desde que o ganhei, mantive na prateleira do guarda-roupa, guardado, guardando, sem nunca ter certeza, pedindo por um pedido bom o suficiente para fazer ao monge indiano.

Hoje, conversando com o mano que insistentemente pedia-me o talismã, que fez peripécias para conseguir o seu próprio, que se diz cheio de desejos a serem realizados, descobri o motivo certo de nunca ter pintado nenhum dos olhos do boneco: não há o que eu possa pedir, já tenho tudo o que quero.

Ganhei então dois presentes e para compensar, presenteei.



(Obrigado por esse, amore. O chato é que você nunca me lê...)

2 comentários: