17 de abril de 2011

Diário de Bordo

Porto, 17 de abril de 2011

Resolvi dessa vez fazer um diário de bordo. Mas ele começa relativamente atrasado, assim como essa viagem.

Deveriamos ter saído de Graz quinta-feira a noite, em um trem que seguiria para Bruck/Mur, da onde pegariamos o trem para Florença, Itália. Como eram duas viagens, eram duas passagens. Mas me confundi e olhei o horário da segunda passagem achando que era o da primeira. Ou seja, quando me dei conta, o trem que sairia de Graz as 20:35 (eu achava que era 21:35) já se tinha ido. Não havia como chegar a Bruck/Mur há tempo de seguir para Florença. Passagem perdida e hotel perdido, já que não havia como cancelar. Mas, como todos que me viram tão chateada pelo ocorrido me disseram, tudo tem seu motivo e existem coisas que não somos nós quem controlamos. Além do que tudo tem seu lado positivo. Perder o trem me permitiu ficar um dia a mais com nossa tão querida gaúcha e me despedir decentemente de uma das melhores pessoas que já conheci. E de quem já faz falta.

Adiando a viagem, após a companhia ferroviária austríaca nos dizer que não havia como chegar em Bolonha ( da onde deveriamos pegar um avião para Porto) a tempo, conseguimos fazer uma rota por conta própria que saiu mais em conta e mais rápida.Saímos de Graz sábado de manhã, depois de dar tchau para a Béti na estação no dia anterior. Fomos para Klagenfurt, ainda na Áustria, onde pegariamos um ônibus para Veneza. Ao chegarmos em Klagenfurt damos de cara com uma brasileira, paulista bem legal (sim, sim), e uma somaliana, que estão trabalhando de babá na cidade e iriam para Veneza passar o fim de semana. O que me deixa mais claro todos os dias que brasileiros estão em todo lugar. Ainda bem.

Visitamos Veneza um pouquinho, tomamos um gelatto (cantado, com sotaque italiano) e demos uma voltinha na cidade. Continua linda, Lili, da mesma maneira que vimos antes, com a diferença de não estar tão frio e de não ter você para ficar me puxando para dançar nas beiras das águas, o que faz toda a diferença. Por isso, fiquei em Veneza só duas horinhas mesmo, pra não deixar as lembranças me acordarem a saudade. E porque também precisava pegar um trem para Bolonha, cujo os planos iniciais era conhecer realmente mas depois de todos os contratempos só tivemos tempo de chegar e dormir.

Chegamos em Bolonha depois de algumas horas no trem que partiu de Veneza. A paisagem italiana é lindíssima, bucólica... Chegamos em Bolonha às nove da noite e nos surpreendemos com o fato de que os ônibus paravam de rodar as oito e meia. E lá fomos nós, buscar uma forma alternativa para chegar no hotel, cujo dono não falava nada de inglês e não sabia que o ônibus que havia nos indicado já tinha parado de rodar uma hora atrás. É aí que entra aquilo que alguns chamam de acaso, coincidência, proteção ou providência divina. Depois de passar um dia viajando, cansados e só querendo chegar ao hotel, encontramos a segunda brasileira da viagem, perguntando se ela falava em inglês e se poderia nos ajudar. Respondendo em um inglês esforçado, ela nos contou que não poderia nos ajudar porque morava em Florença e também estava perdida, porque tinha perdido o último trem que ia para sua cidade. Minutos depois a reencontramos em uma outra parada de ônibus, onde percebendo que nós conversávamos em português, ela nos contou que era brasileira e, pasmem, goiana, do bairro em que Vinicius morou quando era pequeno. E ela falava um italiano perfeito e foi nossa salvação para conseguirmos chegar na estação onde precisávamos, perguntando ao motorista com toda paciencia do mundo e algumas veze se confundindo e falando conosco em italiano e com o pobre motorista em português.

Daí para frente a história fica sem muitas emoções. Após muito andar e render-nos a um táxi, conseguimos achar o hotel escondido. O  senhor que nos recebeu, apesar da dificuldade linguistica, era extremamente simpatico e brincalhão. Hoje cedo saimos para pegarmos o avião que vinha aqui para Porto, o qual eu confesso, estava morrendo de medo. Cá nos encontramos agora, na terrinha, onde ônibus é autocarro, trem (o literal, não o goiano/mineiro que serve para tudo) é comboio e descarga é autoclismo. Acabamos de almoçar e no restaurante, adivinhem, o garçom era brasileiro. O que não é muita surpresa se tratando de Portugal, mas é sempre prazeroso encontrar um conterrâneo. Daqui seguimos para Guimarães.

Volto a dar notícias em breve, sempre que possível tentando descrever ao máximo o quão belo é tudo que encontro de novo.

(Correria, desculpem. Depois reviso e detalho mais. =) )

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