27 de abril de 2010

O que me faz feliz


Não é incomum eu ficar analisando minha vida. Tudo aquilo que passou, o que anda acontecendo. E o medo daquilo que virá.

A incerteza é tão intimadante. Os planos, apenas esboços, eu consigo vizualizar só envoltos em uma neblina longínqua. E são vários esboços. Talvez isso seja o mais apavorante. Quando há um ideal só, uma coisa só pelo que correr atrás, mesmo que apenas se aproxime do esperado no final, deve ser mais fácil. Mas quando os esboços são muitos... é difícil escolher em qual mundo quero viver.

Mas quando me pego analisando minha vida, percebo que, de certa forma, meu passado e meu presente se fundem. O tempo ainda não deixou nenhuma divisão marcante demais. Não me tirou de casa, não me tirou ninguém, não me arrancou pedaços. Já me deu um ou outro peteleco, que no momento eu até achei que fosse um tapa na cara, mas depois percebi que era sim apenas um peteleco. Essa mania de projetar o que poderia ser, o que poderia acontecer, me faz às vezes perceber que o que senti não foi grão de areia.

Mas ainda assim, algumas mudanças simples vão mostrando-me que o relógio está correndo. Não precisar do pai pra ir comprar um tênis, da mãe pra fazer o lanche, pra ir experimentar o uniforme na escola, pra assinar a autorização do passeio. De vez em quando ainda me pego admirando os vestidos de festa junina nas lojinhas de bairro. Tudo isso é resquício de uma infância quase recente, ou talvez de uma memória boa mesmo.

Leite condensado com toddy depois do almoço, filme na tv nos fins de semana, abraço e selinho do irmão bem mais novo, beijo no rosto dos irmãos pouca coisa mais novos, abraço carinhoso e aconchegante do pai, risada e bochecha-boa-de-apertar da mãe, biquinho-de-peixe da vó, festinhas com a irmã (desde sempre), café com os amigos, cantoria com as partes de mim, cantorias, músicas para aproveitar os tempos de ócio ou de ônibus, livros repetidos porque eu gosto mesmo, marcopolo na piscina, bolo prestígio; pão,pipoca,cinema particular,café com (do) namorado, estravagâncias. Queta no meu canto com todo mundo dentro dele. É o que me faz feliz. Porque pode o tempo passar, pode me dar petelecos e até bofetadas, mas a alegria prevalece.

A alegria prevalece em mim, graças a quem prevalece em mim. Tudo só segue em frente porque meu universo se expande em cada um que eu amo e recebo de cada um o universo expandido.

Apenas obrigado.

(Só enquanto eu respirar...)

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