20 de janeiro de 2010

À mão livre

Estou pegando a feia mania da qual sei que me arrependerei de escrever diretamente no computador. Deve ser algum sintoma de internetite. Devo estar me acostumando com ela. Sempre achei e continuo achando que o contato com o lápis e o papel trás um pouco mais de emoção, até de realidade para o que for que estiver sendo escrito. Uma carta, um poema, um conto. Mas estou me acostumando. Mas só com aquelas idéias que me vem quando estou cara a cara com a tela de 15 polegadas. Algumas coisas não mudam assim tão de repente.

Estou de férias, por isso tenho preguiça de ir dormir muito cedo, apesar de ter sono junto com a preguiça. Me obrigo a ficar acordada até a meia noite, no mínimo e a acordar pelo menos depois das 9. Mas a força do hábito realmente existe. Às dez da noite o sono já começa a me tomar (se bem que no período de aulas isso acontece mais cedo, dependendo da disciplina que me é ministrada no segundo horário) e às sete da manhã o sol já quer me acordar. Sete da manhã? De férias? Me obrigo a ficar na cama! Tanto sofrimento nos meios de semana sem férias por apenas uma hora? UMA HORA a mais de sono? Não é possível que meu corpo se contente com tão pouco. Fico na cama até as nove e tenho dito!

Ou talvez não. Porque todos os dias juro que vou sair para andar um pouco entre as oito e nove da manhã. É realmente o horário em que gosto de andar, sentir o sol ainda não tão forte, o vento fresco. Depois das nove parece que tudo muda. Gosto de andar em lugares sem muito movimento, bairros caseiros, sem muitos carros. Mas, como me obrigo a ir dormir depois da meia noite, quando o sol me acorda as sete da manhã meus olhos protestam contra a claridade. E é impressionante o modo como uma blusa escura estrategicamente posicionada na cabeceira da cama no dia anterior (ou madrugada...) resolvem rapidamente o problema e só consigo me levantar mesmo lá pelas 11, quando aí já é meu corpo quem protesta por tanto tempo sobre uma cama e me arrependo todos os dias da caminhada que perdi (ou talvez não me arrependa tanto assim.)

Porque também adoro andar no horário em que o sol está se pondo. O vento fresco parece que retorna, o sol fraco é diferente do de manhã. Parece que tem algumas vibrações boas vindo de todos os lados. Provavelmente de todos os trabalhadores que nessa hora tem o prazer de estar indo para casa, finalmente. Parece que o vento sopra uma nostalgia. Esses dias questionei o motivo de gostar tanto desse horário. Alguém me disse que poderia ser pelas cores, tão alaranjadas como no outono, onde estamos sempre mais a flor da pele. Talvez. Mas acho que é algo mais pessoal. Me lembra dos momentos em que chegava da escola à tarde, ficava em casa, olhando a rua. Deve ser isso.

De manhã tudo é azul, parece que está tudo começando. De tarde, quase a noite, é realmente tudo alaranjado, com um quê de ponto final. Ou ponto e vírgula porque amanhã o dia continua.
É impossível dizer qual horário é melhor para apreciar o mundo.

Um comentário:

  1. James Bradock foi um pugilista que foi do céu ao inferno. Viveu a depressão estadunidense na miséria e passou a trabalhar nos portos como chapa. Num desses golpes do destino se viu diante do ringue de novo com um campeão que matava os adversários. Para o espanto de todos, derrotou-o e o mundo do box se perguntou:"Onde você estava, bradock?"
    Onde estavam esses textos, Vívian?

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